domingo, 25 de dezembro de 2011
Rabiscos irritantes
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Acabemos com isto
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor...
gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis. Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada. Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro; era como se todas as coisas fossem minhas: quanto mais te dava mais tinha para te dar. Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes. E eu acreditava. Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos, era no tempo em que o teu corpo era um aquário, era no tempo em que os meus olhos eram realmente peixes verdes. Hoje são apenas os meus olhos. É pouco mas é verdade, uns olhos como todos os outros. Já gastámos as palavras. Quando agora digo: meu amor, já não se passa absolutamente nada. E no entanto, antes das palavras gastas, tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam só de murmurar o teu nome no silêncio do meu coração. Não temos já nada para dar. Dentro de ti não há nada que me peça água. O passado é inútil como um trapo. E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus."
domingo, 21 de agosto de 2011
Casa
segunda-feira, 11 de julho de 2011
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Era uma vez
A nossa carne e os nossos ossos são os protagonistas, manipulados constantemente por dois cérebros perversos que não conseguem parar de sorrir quando se encontram. Correm líquidos por toda a parte. A água onde nos banhamos e o vinho que bebemos. Todas as histórias têm um cenário, menos esta. Esta passa-se num sítio onde as piranhas engolem ursos e onde tu não me podes encontrar a não ser que eu te sussurre ao ouvido 'Vem comigo'. A luz do Sol, das outras estrelas, reflectida nos planetas onde viajamos de mão dada e que descobrimos a cada dia. A Lua que descansa o coração do Sol e nos dá uma parte dele sem ele saber. Nós acenamos e agradecemos. Está cheio de acções nossas, minhas tuas, de sorrisos, de toques, de olhares ainda tímidos, de silêncios aconchegantes e de arrepios desconcertantes. Mas não temos frio, nem calor. Temos sim uma grande fome de saber e uma ainda maior sede de aprender. Queremos aprender quem somos, o que nos torna reais, o que nos separa e torna diferentes e o que nos une, para além de sermos apenas nós e de termos uma vontade de viver que chega quase a fazer-te corar. Quiseste ver-me por dentro e eu deixei porque não tenho segredos nem fachadas, porque sou apenas eu.
Portanto não tenhas pressa, eu tenho tempo e tu tens muito mais do que eu. A que horas queres que te vá buscar? A história é nossa, somos nós que a escrevemos e os erros ortográficos não existem porque nós escrevemos com os olhos, com os ouvidos, com o nariz, com os dedos, com a boca, mas sobretudo com o Coração.
domingo, 29 de maio de 2011
Para a frente
Mas vou sempre em frente, sem palas nem cintos de segurança disposto a errar se tiver de o fazer. Não é o único caminho, é verdade e o passado é um bom sítio para visitar mas não muito bom para se viver. Quero viver longe daqui, na Austrália, ser mordido por cobras e aranhas. Na Suécia, num iglô. Quero descobrir-me, em todos os contextos, com todas as pessoas, tanto para amadurecer, tanto para viver. Passa-me a garrafa, preciso de um trago, ou dois, talvez três, os que quiseres.
Mas desta vez não ma voltas a tirar, vou ser eu quem decide o que é melhor para mim, vou ser eu próprio, sem fachadas, sem medos nem ressentimentos. Vou para a frente, para a frente da guerra, mas desta vez não vou apaziguar as hostes, vou combater contra ambas as partes e lutar para sobreviver. Vou para a frente, pensar como um homem de acção e agir como um homem que pensa. Mas não vou pensar muito, porque não serve de nada, não nos trás o que queremos. Só temos o que queremos quando nos mexemos e fazemos algo para o conseguir, mesmo que às vezes nos apontem um revólver à testa e nos digam para parar. Estão apenas a testar a nossa coragem. Não importa para onde vou, para onde me levam, porque vou para a frente, vou ser o primeiro, vou triunfar e vou amar cada segundo dessa vitória enquanto a celebro como um rei no seu aniversário. Já não preciso mais de estar sozinho, meia dúzia de capangas fazem falta e tornam-me completo como mais ninguém consegue nem pode conseguir.
Se há algo que precisam de saber, que eu preciso de saber, é que não vou voltar atrás, amiga, anda, vem beber comigo, faz o que te digo, vais ficar bem. Tens coisas más presas nessa cabeça, vomita-as e olha para as estrelas, talvez quando olhares para o lado, enquanto mantiveres as tuas mãos no ar e gritares, eu estarei ao teu lado, a guardar as coisas boas de que te esqueceste. Talvez me sente na relva ao teu lado, te ponha o braço no ombro e fiquemos assim a conversar silenciosamente por horas a fio, a viver cada segundo, ou talvez gritemos juntos, corremos juntos, dancemos juntos, amemos juntos. Talvez não façamos nada disto, porque eu não te quero ou porque me queres de mais. Agora ninguém me pode prender, eu deitei fora as algemas, nem eu me posso prender com palavras e passividade. És uma agulha num palheiro, mas eu sempre gostei de feno e não tardarei em te encontrar, quando menos esperar. Sei que és pontiaguda e afiada, mas também sei que não me vais picar.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Sem fachadas
Não estou aqui, nem ali, estou em todo o lado, vou andando, sempre andando, por onde tiver de andar e posso até encontrar-te a meio do meu caminho mas os meus olhos jamais cruzarão os teus. Passo a passo, vou andando, subindo as escadas; não estou sozinho, nunca estive nem estarei. Tenho-me a mim próprio e a força de mil homens que caminham comigo de braço dado, mãos no ombro e uma vontade impenetrável. Um grito, já dei, mas não te matei porque não te disse nada quando te passei por cima.
Sem fachadas, aqui estou eu, despido de roupas e preconceitos, acessórios e estereótipos, vamos ser apenas nós? Criaturas belas que se cativam uma à outra. Ainda tens tanto para sentir, ainda tenho tanto para te ensinar. Esvoacemos despidos, com os cabelos ao Sol, abrace-mo-nos mas apenas por instantes porque está muito calor. Beijemo-nos até que o tempo o permita. Pela praia, pelo campo, pela cidade, pelo jardim, pelo apartamento, pelo sofá, pelo passeio, pela varanda. Não sei o que pretendes, nem o que pretendo, mas de uma coisa estou certo: não preciso de disfarces para amar e viver, portanto podes vir de mansinho que eu eu vou estar à tua espera.