terça-feira, 6 de novembro de 2012

Frágil

Dizia alguém que o braço no ombro é o melhor amigo da solidão. Mas se achas que consegues distinguir o que está errado do que te faz feliz estás enganado. As árvores aqui são impossíveis de subir, mesmo para macacos como tu. Podes grunhir à vontade: não serás feliz porque és o único da tua espécie. O último macaco que não imita nem come bananas.

Quando achas que és o rei da selva, passam-te a perna, fazem de ti o bobo da corte e passas a comer apenas amendoins. Tens de catar os teus próprios piolhos, parasitas. Mas deixas de ter uma alma perdida, encontra-la no fundo de um aquário por causa da tua curiosidade. Os sonhos, nunca os deixas dormir, vão contigo para todo o lado. Mas és frágil, pequeno e inofensivo. Deixa de te armar em grande, aceita quem és.  

Não tenhas medo, um dia vais crescer e dar medo a todos aqueles que agora te espezinham. De frágil, vais passar a astuto, e aí... ninguém te pisa.