domingo, 12 de agosto de 2012

Vamos a isto

Um passado trémulo de memórias e rico em virtudes aviva a esperança de um futuro promissor. Quem sabe dê para levar uma estalada de ar fresco na cara. Ideias frescas, criações frescas. Mas os tímpanos explodem com a densidade dos batimentos cardíacos que vibram por cada centímetro do teu corpo. Agarras-te aos ouvidos e ao coração, porque estão ligados. Nem assim consegues evitar uma queda de trezentos metros mentais. Cais, mas levantas-te zonza e a marchar em direcção àquilo que identificas como futuro. Não sabes do que se trata mas atrai-te. Põe-te a mexer, desperta em ti arrepios molhados na pele seca. Queima-te a língua como água a ferver. Deixa-te desperta, atenta ao perigo. Assim que dás um passo em falso, és apanhada e quando não és sentes-te uma canalha sorridente mais feliz que o Zé do Telhado.

É assim que te sentes? Sacaneada pela vida, iludida por fantasmas do passado e perseguidora de incógnitas do futuro? Então fica sentada, não te mexas, não faças nada, que o mundo faz o favor de se transformar num cubículo gigante, forrado com paredes brancas, que te isolam. A cela que criaste vai-se tornando mais pequena e mais confortável, até que se ajusta às tuas medidas. A única forma de saíres é se alguém te puxar para fora. Mas isso seria desconcertante, desconfortável e descabido. Na verdade, a escolha foi tua, e agarras-te ao chão, fazes feridas de agonia nas pontas dos dedos. Não de dor, mais de impaciência. Para quando a leitura da sentença?

Acorda dessa hipnose intelectual. Desperta desse sono consciente. Estás sempre a tempo de te descalçar da penúria. De rasgar as olheiras de sofrimento e de sorrir. Sorrir apenas. Sorri para mim, por favor. Quero ver e quero que sejas tua e minha. Que nunca me deixes, só quando quiseres. E que queiras muito.

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